sexta-feira, 12 de agosto de 2016

2ª ETAPA - Proposta de Redação - 13/08/2016


2ª ETAPA




A partir dos fragmentos de texto abaixo, que têm caráter motivador, redija, utilizando a modalidade padrão da língua escrita, um artigo de opinião acerca do seguinte tema:

Casos de cyberbullying (o assédio moral envolvendo o uso de tecnologias da informação) são muito frequentes atualmente e têm gerado problemas de ordem social e psicológica em suas vítimas. Como lidar com esse fenômeno em uma rede mundial de computadores que integra virtualmente o mundo inteiro?


Em seu texto, apresente argumentos que sustentem seu ponto de vista.

Texto 01

Tribunal do Feicebuque

Tom Zé

Tom Zé mané
Baixou o tom
Baba baby
Bebe e baba
Velho babão
Tom Zé bundão
Baixou o tom
Baba baby
Bebe e baba
Mané babão
(...)
Bruxo, descobrimos seu truque
Defenda-se já
No tribunal do Feicebuqui





Texto 02

A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os orgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 12° Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.


Texto 03
CYBERBULLYING: A VIOLÊNCIA VIRTUAL
Beatriz Santomauro

Há cerca de 15 anos, essas provocações passaram a ser vistas como forma de violência e ganharam nome: bullying (palavra do inglês que pode ser traduzida como “intimidar” ou “amedrontar”). Sua principal característica é que a agressão (física, moral ou material) é sempre intencional e repetida várias vezes sem uma motivação específica. Mais recentemente, a tecnologia deu nova cara ao problema. E-mails ameaçadores, mensagens negativas em sites de relacionamento e torpedos com fotos e textos constrangedores para a vítima foram batizados de cyberbullying. Mesmo quando a agressão é virtual, o estrago continua sendo real.
Beatriz Santomauro. Revista NOVA ESCOLA. Junho/julho, 2010.



Texto 04


A ILUSÃO DAS REDES SOCIAIS
O narcisismo, a superficialidade e o distanciamento, entre outras características das relações virtuais, formam pessoas cada vez mais individualistas e egoístas

Dulce Critelli

É indiscutível o importante papel que as redes sociais desempenham hoje nos rumos de nossa vida política e privada. São indiscutíveis também os avanços que introduziram nas comunicações, favorecendo o reencontro e a aproximação entre as pessoas e, se forem redes profissionais, facilitando a visibilidade e a circulação de pessoas e produtos no mercado de trabalho. A velocidade com que elas veiculam notícias, a extensão territorial alcançada e a imensa quantidade de pessoas que atingem simultaneamente não eram presumíveis cerca de uma década atrás, nem mesmo pelos seus criadores. Temos sido testemunhas, e também alvo, do seu poder de convocação e mobilização, assim como da sua eficiência em estabelecer interesses comuns rapidamente, a ponto de atuarem como disparadoras das várias manifestações e movimentos populares em todo o mundo atual.
Portanto, não podemos sequer supor que elas tragam somente meras mudanças de costumes, porque seu peso, associado ao desenvolvimento da informática, é semelhante à introdução da imprensa, da máquina a vapor ou da industrialização na dinâmica do nosso mundo. As redes sociais provocam mudanças de fundo no modo como as nossas relações ocorrem, intervindo significativamente no nosso comportamento social e político. Isso merece a nossa atenção, pois acredito que uma característica das redes sociais é, por mais contraditório que pareça, a implantação do isolamento como padrão para as relações humanas.
Ao participar das redes sociais acreditamos ter muitos amigos à nossa volta, sermos populares, estarmos ligados a todos os acontecimentos e participando efetivamente de tudo. Isso é uma verdade, mas também uma ilusão, porque essas conexões são superficiais e instáveis. Os contatos se formam e se desfazem com imensa rapidez; os vínculos estabelecidos são voláteis e atrelados a interesses momentâneos.
Além disso, as relações cultivadas nas redes sociais se baseiam na virtualidade, portanto, no distanciamento físico entre as pessoas. Isso nos permite, com facilidade, entrar em contato com as pessoas e afastá-las quando bem quisermos. Tal virtualidade garante comunicação sem intimidade. Em 1995, quando as redes sociais nem sequer eram cogitadas, o filme americano Denise Calls Up (Denise Está Chamando) já apresentava uma crítica às relações estabelecidas entre as pessoas através dos recursos da época: computador, telefone e aqueles enormes celulares. Os personagens eram alguns amigos que se comunicavam continuamente, mas tinham muitas dificuldades e até mesmo aversão de se encontrar pessoalmente. Também namoro e sexo aconteciam virtualmente.
Nunca me esqueci desse filme, impressionada que fiquei com a possibilidade, hoje tão iminente, de mutações essenciais nas condições de nossa existência. O que aconteceria conosco se não precisássemos mais da proximidade física de uns com os outros? O que morreria em nós, se essa proximidade deixasse de acontecer? Quando Hannah Arendt, pensadora contemporânea da política, analisou os totalitarismos do século passado, apontou para o projeto desses sistemas de tornarem os homens supérfluos. Para tanto, entre outros expedientes, mantinham as pessoas isoladas umas das outras.
Separavam-nas de seus familiares, de suas comunidades, inclusive das pessoas com quem coabitavam nos galpões dos campos de concentração, instaurando entre elas a suspeita e o medo de delações. Isolavam classes sociais promovendo contendas e animosidades entre elas. Isolavam as pessoas do seu próprio eu, exaurindo-as com trabalho e mantendo-as doentes e famintas. O isolamento torna os indivíduos manipuláveis e controláveis, como coisas. Os sistemas totalitários sabem muito bem que, isolados, os homens perdem a capacidade de se expor e de agir.
Na nossa atualidade o isolamento tem um perfil diferente, porque é mais voltado para a intensificação do individualismo, cujos interesses afastam-se a cada vez mais das questões sociais. As recentes manifestações populares embora devam sua ocorrência às redes sociais, mantêm o caráter do individualismo e do isolamento, pois os participantes não criam vínculos entre si. Expressam suas opiniões, caminham juntos, mas é só isso.  
Arendt tem por pressuposto de suas análises a condição humana da pluralidade, ou seja, o fato de vivermos entre homens e jamais chegarmos a ser nem um ser humano nem mesmo os indivíduos que somos longe da companhia dos outros. Os outros, tanto quanto o ambiente em que vivemos, nos constituem, daí que, se o distanciamento interpessoal for se estabelecendo como nova condição de existência, nossa própria humanidade poderá sofrer o impacto de uma mutação.
Os próprios equipamentos para acesso às redes, que estão conosco o tempo todo e exercem intenso fascínio sobre nós, corroboram com esse isolamento. Tenho ficado irritada com muitos de meus alunos que ficam consultando seus celulares e notebooks durante as aulas, como se estivessem fazendo anotações, mas acho que estão ligados às redes sociais. Talvez as aulas, sobretudo as de Filosofia, sejam muito chatas. Nelas não se pode pular de um assunto para outro, nem entrar em contato com múltiplas informações ao mesmo tempo, como se faz nas telas do computador, nem ficar livre de esforços do pensamento com análises e reflexões. Nas aulas não se pode passar por alto dos assuntos e situações.
Já em 1927, em seu livro Ser e Tempo, Martin Heidegger percebia esse comportamento cotidiano dos indivíduos de tomar tudo pelo aspecto e o nomeou de “avidez de novidades”. O que interessa é sempre a próxima novidade, o próximo assunto, a próxima notícia... Também identificava como “falação” um comportamento complementar: todos falam sobre tudo, sabem de tudo, mas não compreendem nada em profundidade.
Parece que “falação” e “avidez de novidades” estruturam a participação nas redes sociais. As pessoas já estão acostumadas a comentários rápidos e superficiais sobre tudo e todos. É fácil ver nesses comentários a preocupação de cada qual em simplesmente dar sua opinião, mais do que ouvir a alheia. A opinião do outro é apenas a oportunidade para se expressar a sua própria.
O outro parece importar, mas de fato não importa. Importam apenas a própria posição e a autoexposição. Daí a constante informação sobre as viagens, os pensamentos, as emoções, as atividades de alguém. É preciso estar em cena e sempre. Há nisso um evidente desenvolvimento do narcisismo e, consequentemente, do reforço do distanciamento entre as pessoas.
Faz parte desse narcisismo o fato de as pessoas terem de tratar a si mesmas como se fossem mercadorias. Em alguns de seus escritos, Zygmunt Bauman tem apontado para a necessidade das pessoas, sobretudo dos jovens, de se ocuparem sobremaneira com sua imagem nas redes sociais. Elas precisam escolher as fotos que melhor as apresentem, que as tornem atraentes e desejáveis. Aquelas que não souberem se vender correm o risco da invisibilidade e da exclusão.
Meu propósito, aqui, foi apenas o de levantar dados para uma reflexão. Mas quero acentuar que essas tendências das redes sociais – a virtualidade, o distanciamento, a superficialidade, a superfluidade do ser humano, a exposição narcísica, a ilusão de intimidade e popularidade, a “falação” e a “avidez de novidades”... – constituem o padrão de isolamento das relações pessoais. E quanto mais isolados, mais ficamos à mercê de controles e manipulações. Cada vez mais ameaçados na autoria do nosso destino pessoal e político.


Texto 05

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 

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