2ª ETAPA
A
partir dos fragmentos de texto abaixo, que têm caráter motivador, redija, utilizando
a modalidade padrão da língua escrita, um artigo de opinião acerca do seguinte
tema:
Casos
de cyberbullying (o assédio moral envolvendo o uso de tecnologias da
informação) são muito frequentes atualmente e têm gerado problemas de ordem
social e psicológica em suas vítimas. Como
lidar com esse fenômeno em uma rede mundial de computadores que integra
virtualmente o mundo inteiro?
Em
seu texto, apresente argumentos que sustentem seu ponto de vista.
Texto 01
Tribunal do
Feicebuque
Tom Zé
Tom Zé mané
Baixou o tom
Baba baby
Bebe e baba
Velho babão
Tom Zé bundão
Baixou o tom
Baba baby
Bebe e baba
Mané babão
(...)
Bruxo, descobrimos seu truque
Defenda-se já
No tribunal do Feicebuqui
Texto 02
A
Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos
como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que
todos os indivíduos e todos os orgãos da sociedade, tendo-a constantemente no
espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito
desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem
nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e
efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as
dos territórios colocados sob a sua jurisdição.
Artigo
1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em
espírito de fraternidade.
Artigo
12° Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua
família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e
reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a
protecção da lei.
Texto 03
CYBERBULLYING: A VIOLÊNCIA VIRTUAL
Beatriz
Santomauro
Há
cerca de 15 anos, essas provocações passaram a ser vistas como forma de
violência e ganharam nome: bullying (palavra do inglês que pode ser traduzida
como “intimidar” ou “amedrontar”). Sua principal característica é que a
agressão (física, moral ou material) é sempre intencional e repetida várias
vezes sem uma motivação específica. Mais recentemente, a tecnologia deu nova
cara ao problema. E-mails ameaçadores, mensagens negativas em sites de
relacionamento e torpedos com fotos e textos constrangedores para a vítima
foram batizados de cyberbullying. Mesmo quando a agressão é virtual, o estrago continua
sendo real.
Beatriz Santomauro. Revista NOVA ESCOLA. Junho/julho,
2010.
Texto 04
A ILUSÃO DAS REDES
SOCIAIS
O
narcisismo, a superficialidade e o distanciamento, entre outras características
das relações virtuais, formam pessoas cada vez mais individualistas e egoístas
Dulce Critelli
É indiscutível o importante papel que as
redes sociais desempenham hoje nos rumos de nossa vida política e privada. São
indiscutíveis também os avanços que introduziram nas comunicações, favorecendo
o reencontro e a aproximação entre as pessoas e, se forem redes profissionais,
facilitando a visibilidade e a circulação de pessoas e produtos no mercado de
trabalho. A velocidade com que elas veiculam notícias, a extensão territorial
alcançada e a imensa quantidade de pessoas que atingem simultaneamente não eram
presumíveis cerca de uma década atrás, nem mesmo pelos seus criadores. Temos
sido testemunhas, e também alvo, do seu poder de convocação e mobilização,
assim como da sua eficiência em estabelecer interesses comuns rapidamente, a
ponto de atuarem como disparadoras das várias manifestações e movimentos
populares em todo o mundo atual.
Portanto, não podemos sequer supor que elas
tragam somente meras mudanças de costumes, porque seu peso, associado ao
desenvolvimento da informática, é semelhante à introdução da imprensa, da
máquina a vapor ou da industrialização na dinâmica do nosso mundo. As redes
sociais provocam mudanças de fundo no modo como as nossas relações ocorrem,
intervindo significativamente no nosso comportamento social e político. Isso
merece a nossa atenção, pois acredito que uma característica das redes sociais
é, por mais contraditório que pareça, a implantação do isolamento como padrão
para as relações humanas.
Ao participar das redes sociais acreditamos
ter muitos amigos à nossa volta, sermos populares, estarmos ligados a todos os
acontecimentos e participando efetivamente de tudo. Isso é uma verdade, mas
também uma ilusão, porque essas conexões são superficiais e instáveis. Os
contatos se formam e se desfazem com imensa rapidez; os vínculos estabelecidos
são voláteis e atrelados a interesses momentâneos.
Além disso, as relações cultivadas nas redes
sociais se baseiam na virtualidade, portanto, no distanciamento físico entre as
pessoas. Isso nos permite, com facilidade, entrar em contato com as pessoas e
afastá-las quando bem quisermos. Tal virtualidade garante comunicação sem
intimidade. Em 1995, quando as redes sociais nem sequer eram cogitadas, o filme
americano Denise Calls Up (Denise Está Chamando) já apresentava uma crítica às
relações estabelecidas entre as pessoas através dos recursos da época:
computador, telefone e aqueles enormes celulares. Os personagens eram alguns
amigos que se comunicavam continuamente, mas tinham muitas dificuldades e até
mesmo aversão de se encontrar pessoalmente. Também namoro e sexo aconteciam
virtualmente.
Nunca me esqueci desse filme, impressionada
que fiquei com a possibilidade, hoje tão iminente, de mutações essenciais nas
condições de nossa existência. O que aconteceria conosco se não precisássemos
mais da proximidade física de uns com os outros? O que morreria em nós, se essa
proximidade deixasse de acontecer? Quando Hannah Arendt, pensadora
contemporânea da política, analisou os totalitarismos do século passado,
apontou para o projeto desses sistemas de tornarem os homens supérfluos. Para
tanto, entre outros expedientes, mantinham as pessoas isoladas umas das outras.
Separavam-nas de seus familiares, de suas
comunidades, inclusive das pessoas com quem coabitavam nos galpões dos campos
de concentração, instaurando entre elas a suspeita e o medo de delações.
Isolavam classes sociais promovendo contendas e animosidades entre elas.
Isolavam as pessoas do seu próprio eu, exaurindo-as com trabalho e mantendo-as
doentes e famintas. O isolamento torna os indivíduos manipuláveis e
controláveis, como coisas. Os sistemas totalitários sabem muito bem que,
isolados, os homens perdem a capacidade de se expor e de agir.
Na nossa atualidade o isolamento tem um
perfil diferente, porque é mais voltado para a intensificação do
individualismo, cujos interesses afastam-se a cada vez mais das questões
sociais. As recentes manifestações populares embora devam sua ocorrência às
redes sociais, mantêm o caráter do individualismo e do isolamento, pois os
participantes não criam vínculos entre si. Expressam suas opiniões, caminham
juntos, mas é só isso.
Arendt tem por pressuposto de suas análises a
condição humana da pluralidade, ou seja, o fato de vivermos entre homens e
jamais chegarmos a ser nem um ser humano nem mesmo os indivíduos que somos
longe da companhia dos outros. Os outros, tanto quanto o ambiente em que
vivemos, nos constituem, daí que, se o distanciamento interpessoal for se
estabelecendo como nova condição de existência, nossa própria humanidade poderá
sofrer o impacto de uma mutação.
Os próprios equipamentos para acesso às
redes, que estão conosco o tempo todo e exercem intenso fascínio sobre nós,
corroboram com esse isolamento. Tenho ficado irritada com muitos de meus alunos
que ficam consultando seus celulares e notebooks durante as aulas, como se
estivessem fazendo anotações, mas acho que estão ligados às redes sociais.
Talvez as aulas, sobretudo as de Filosofia, sejam muito chatas. Nelas não se
pode pular de um assunto para outro, nem entrar em contato com múltiplas
informações ao mesmo tempo, como se faz nas telas do computador, nem ficar
livre de esforços do pensamento com análises e reflexões. Nas aulas não se pode
passar por alto dos assuntos e situações.
Já em 1927, em seu livro Ser e Tempo, Martin
Heidegger percebia esse comportamento cotidiano dos indivíduos de tomar tudo
pelo aspecto e o nomeou de “avidez de novidades”. O que interessa é sempre a
próxima novidade, o próximo assunto, a próxima notícia... Também identificava
como “falação” um comportamento complementar: todos falam sobre tudo, sabem de
tudo, mas não compreendem nada em profundidade.
Parece que “falação” e “avidez de novidades”
estruturam a participação nas redes sociais. As pessoas já estão acostumadas a
comentários rápidos e superficiais sobre tudo e todos. É fácil ver nesses
comentários a preocupação de cada qual em simplesmente dar sua opinião, mais do
que ouvir a alheia. A opinião do outro é apenas a oportunidade para se
expressar a sua própria.
O outro parece importar, mas de fato não
importa. Importam apenas a própria posição e a autoexposição. Daí a constante
informação sobre as viagens, os pensamentos, as emoções, as atividades de
alguém. É preciso estar em cena e sempre. Há nisso um evidente desenvolvimento
do narcisismo e, consequentemente, do reforço do distanciamento entre as
pessoas.
Faz parte desse narcisismo o fato de as
pessoas terem de tratar a si mesmas como se fossem mercadorias. Em alguns de
seus escritos, Zygmunt Bauman tem apontado para a necessidade das pessoas,
sobretudo dos jovens, de se ocuparem sobremaneira com sua imagem nas redes
sociais. Elas precisam escolher as fotos que melhor as apresentem, que as
tornem atraentes e desejáveis. Aquelas que não souberem se vender correm o
risco da invisibilidade e da exclusão.
Meu propósito, aqui, foi apenas o de levantar
dados para uma reflexão. Mas quero acentuar que essas tendências das redes
sociais – a virtualidade, o distanciamento, a superficialidade, a superfluidade
do ser humano, a exposição narcísica, a ilusão de intimidade e popularidade, a
“falação” e a “avidez de novidades”... – constituem o padrão de isolamento das
relações pessoais. E quanto mais isolados, mais ficamos à mercê de controles e
manipulações. Cada vez mais ameaçados na autoria do nosso destino pessoal e
político.
Texto 05
Art. 6º São direitos
sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.
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